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30 julho 2017

Carta de Padre Saverio Cannistrà, Prepósito Geral OCD, por ocasião do falecimento de Frei Felipe Sainz de Baranda

Frei Felipe nos deixou. Não o esperávamos, porque – apesar de sua idade e alguns problemas de saúde que tinha – estava muito bem e, principalmente, porque nunca se pensa que uma pessoa como ele possa nos deixar.

Não posso esquecer a primeira vez que o encontrei. Eu acabava de ingressar no Carmelo, era postulante em Florença e Frei Felipe veio para presidir uma profissão no mosteiro de nossas monjas. Sua voz poderosa, sua figura imponente, tudo falava de um verdadeiro Geral. Mas, ao mesmo tempo, via-se sua simplicidade e trato fraterno conosco e com as monjas. Fazendo parte do séquito do Padre Geral, pudemos entrar na clausura das monjas e fiquei encantado com sua maneira de brincar com elas, falando das panelas pequenas. Via-se que, com todo o sentido de sagrado e inviolável que pairava nos aposentos da casa, ele sabia criar um clima de fraternidade e de família.

Essa primeira impressão de pai de família foi confirmada por tudo que pude conhecer dele depois, a começar por seu trabalho incansável durante os dezoito anos em que esteve na Casa Geral, primeiro como Vigário-Geral e depois como Prepósito. Posso dizer que até hoje sua presença deixou uma marca indelével no governo e na vida da Ordem. Durante estes anos estamos relendo as Constituições, que foram aprovadas e revisadas no tempo de seu serviço como Prepósito Geral. Também devemos a seu governo um forte impulso missionário da Ordem, sobretudo na África. As casas de formação para nossos jovens foram uma preocupação constante de Frei Felipe, que muito trabalhou para edificá-las em vários países. Não é por acaso que, ao terminar seu segundo mandato como Geral, tenha pedido ser transferido para o Uruguai, onde foi mestre de noviços durante muitos anos, pondo a serviço deles toda a sua experiência e sabedoria.

Todos nós sabemos que as Constituições de nossas Irmãs foram uma das cruzes mais pesadas que Frei Felipe teve que carregar e que o texto aprovado em 1991 também é fruto de seus sofrimentos, lutas e lágrimas. Seu carinho e entrega generosa para com as carmelitas descalças manteve-se até a última etapa de sua vida, como confessor e assessor de muitos mosteiros na América Latina.

Frei Felipe, tua partida nos faz sentir mais sozinhos e mais desamparados. No entanto, sabemos que agora podemos contar ainda mais contigo, com tua amizade e com tua fortaleza, da qual tanto necessitamos. E o que nos deixaste foi um legado enorme: o exemplo que nos deste de verdadeiro amor à nossa família e a toda a Igreja. Obrigado, Felipe! Nunca te esqueceremos!