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14 novembro 2023

Israel: “Nós, carmelitas de Jerusalém, em oração com estes dois povos em conflito”

Nossa Senhora do Rosário: durante o Ofício de Laudes e a Eucaristia do sábado, 7 de outubro, o alarme soou quase ininterruptamente em Jerusalém… até por volta de meio-dia. Os sons abafados pelos mísseis destruídos pelo Iron Dome nos fizeram entender que se tratava de um ataque. A surpresa foi total. Era um acontecimento grave e surpreendente: um ataque em Jerusalém!

No último dia da celebração judia de Sukkot, os cantos jubilosos da festa deram imprevistamente lugar aos sons da guerra. Alarmes mais raros ressoaram nos dias seguintes: nesses momentos, cada uma permanece onde está, imóvel, em silêncio, rezando e esperando.

Jerusalém parou, como em um longo shabbat: lojas fechadas, escolas fechadas, turistas e peregrinos repentinamente desapareceram, pouca gente nas ruas, ouvia-se o rumor abafado pelos aviões militares que entravam e saíam da Faixa de Gaza, realizando pesadas represálias. Nossa cidade está “protegida” por numerosos pontos de controle contra o “inimigo”, que se despejou em Israel e contra quantos quiseram unir-se a ele.

Os territórios palestinos estão isolados, ninguém pode entrar ou sair, muitos trabalhadores são gravemente penalizados por não poder chegar ao seu trabalho diário ao sair em Belém ou Jericó…

Os ataques foram realizados por indivíduos isolados. Ontem, contra a delegacia de polícia vizinha à agência dos correios onde retiramos nossa correspondência; hoje, contra simples passantes judeus ou em reação ao lançamento de pedras por parte de jovens palestinos…

O governo dos palestinos de Gaza realizou um terrível ataque contra os judeus que vivem nas proximidades de seu território, e os palestinos de outras zonas poderiam ou estão procurando fazer o mesmo: quando cai a noite em nosso bairro palestino, ouvimos manifestações e disparos vindos de fora dos nossos muros…. Não é a primeira vez. Mas a experiência deste ano nos regalou bombas de gás lacrimogênio, nunca antes tínhamos visto essas pequenas granadas que recolhemos pela manhã no claustro e no jardim. E nosso conhecimento está se ampliando: depois dos cartuchos, bombas inteiras, carcaças de projéteis e água fétida…

Soubemos dos ataques às comunidades judias nas imediações da Faixa de Gaza, com os inimagináveis homicídios, feridos, reféns e muitos mortos… e estamos igualmente cheias de compaixão pelos habitantes da Faixa de Gaza submetidos a intensos bombardeios, ao cerco e ao êxodo em massa. Nosso coração está com a pequena comunidade cristã que se refugia na escola e na igreja, com suas poucas Irmãs e seminaristas, e também alguns muçulmanos.

Todavia, preparamo-nos para celebração da Santa Madre, com o 150º aniversário de nossa fundação. O mosteiro e as Irmãs atravessaram muitos períodos de hostilidade e viveram sob diversas autoridades: otomanas, jordanianas, britânicas… Hoje essas autoridades são israelitas, mesmo que nosso bairro da Cidade Velha e do Monte das Oliveiras, com sua população palestina, permaneça na zona “disputada, ocupada, anexada” do leste de Jerusalém.

Também nossos Carmelos de Belém, Nazaré e Haifa estão sob ataque da Faixa de Gaza, e agora também do Líbano meridional, que se encontra defronte e muito próximo ao Monte Carmelo. Somos solidárias… As embaixadas nos propõem repatriamentos, mas naturalmente não se trata de partir!

Vivemos com os povos da Terra Santa, com seus altos e baixos. Em nosso pequeno mosteiro, rezamos pela paz e a justiça de hoje e de amanhã. Essa guerra demonstra que os muros e outras restrições ou medidas de vigilância são inúteis em longo prazo. Só a justiça e o respeito podem levar a uma paz difícil, porém duradoura. Todos os dias somos capazes de recolher as sementes desta paz através de pessoas extraordinárias, sejam elas judias ou palestinas.

Quanto ao nosso mosteiro, é o momento da colheita das oliveiras: um momento cansativo, mas sereno e alegre; a oração está na ordem do dia, a tensão é palpável. Obrigada a toda a Ordem pela comunhão de oração por todos quanto sofrem e por quantos têm a missão de decidir. E também por aqueles que combatem em ambos os lados: que possam continuar a ser humanos…

Para os cristãos da Terra Santa, terça-feira, 17 de outubro, foi um dia de jejum e de oração pela reconciliação, “porque Deus não é um Deus de desordem, mas de paz” (1Cor 14, 33). Nós vos convidamos, irmãos e irmãs, a unir-vos a nós na oração, a fim de que o Senhor nos conceda verdadeiramente a sua paz!

Fonte: https://www.asianews.it/notizie-it/Noi-carmelitane-di-Gerusalemme-in-preghiera-con-questi-due-popoli-in-conflitto-59366.html